Em maio de 2001 foi lançada
uma das melhores e mais aguardadas autobiografias sobre uma banda de rock. Em
mais de 400 páginas, “The Dirt: Confessions of the World's Most Notorious Rock
Band” conta, através da visão de Tommy Lee, Mick Mars, Vince Neil e Nikki Sixx,
a história de uma das bandas mais insanas dos anos oitenta, o Mötley Crüe. O
sexo, as drogas, as brigas, as prisões, o sucesso, a decadência, tudo está
nessa obra que é extremamente bem-acabada graficamente.
O papo para tornar todas
essas páginas em filme começou em 2006, quando a Paramount e a MTV adquiriram
os direitos para a adaptação nas telonas. Porém as coisas enfriaram e, com o
fim da banda (será?!) em 2015, os rumores de que a história da banda poderia de
uma vez por todas ser lançada voltou à tona.
Com o sucesso no ano passado
de “Bohemian Rhapsody”, o filme que conta a vida do Queen, a plataforma digital
de streaming de filmes e séries Netflix lançou no dia 22 de março “The Dirt”,
dirigido por Jeff Tremaine, que é mais conhecido pelo seriado e filmes
“Jackass”.
Em pouco mais de uma hora e
meia, o longa metragem tem como enredo principal mostrar a insana carreira do
grupo. E isso ele faz muito bem. O velho clichê “sexo, drogas e rock 'n' roll”
é abundante em “The Dirt”. Algumas cenas são hilárias e ao mesmo tempo
extremamente nojentas, como aquela em que eles estão em turnê com o Ozzy
Osbourne e o Madman dá um “show” na piscina do hotel.
Quando o assunto é vida na
estrada, o espectador realmente consegue ter noção de que o dia a dia dos caras
era simplesmente coisa de outro mundo. Na cena filmada em primeira pessoa de
como Tommy Lee “aproveitava” o seu dia da hora em que ele acordava, até a hora
de ir dormir, é um ótimo exemplo disso.
Porém se você estiver atrás
de um filme com um pouco mais de profundidade, “The Dirt” não é um candidato.
Falta desenvolvimento na maioria das vezes para contar a história e o que
motiva cada ato dos personagens. Muitas vezes é um pouco difícil comprar
algumas emoções que a obra tenta vender. Mick Mars é um velho com uma doença
nas costas, Lee um baterista mimado e Vince Neil um surfista californiano que
só quer saber de mulher. Apenas o personagem de Sixx, interpretado pelo jovem Douglas
Booth, é que possui algumas camadas durante o projeto. Mas é só.
Outro problema é o roteiro.
Na primeira metade o diretor acerta no jeito de contar a formação da banda e o
seu consequente sucesso no começo dos anos oitenta. O espectador se diverte com
as loucuras do quarteto. Porém na segunda metade isso não acontece. São muitas
histórias que são resumidas rapidamente. O fracasso da banda no início dos anos
noventa, com a saída de Neil do grupo e a chegada do movimento grunge, é
resumido praticamente em uma cena.
Assim como o filme do Queen,
e tantas outras cinebiografias de bandas e estrelas do rock que devem chegar
aos cinemas nos próximos anos, “The Dirt” cumpre o seu papel, mostrar o som do Mötley
Crüe para uma nova geração. Não, ele não deve ganhar um Oscar de melhor filme
no ano que vem, mas provavelmente essa não era intenção dos caras do Crüe. A
intenção, provavelmente, era mostrar a amizade dos quatro integrantes e como eles
conseguiram tornar uma banda de garagem em uma das principais forças do rock
nos anos oitenta.
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