Através das duas últimas
décadas, o Pearl Jam cultivou a reputação de ter um dos shows ao vivo mais
incríveis de todos os tempos. Desde a primeira vez em que eles tocaram para um
público pagante no Off Ramp de Seattle em 22 de outubro de 1990, até os dias
atuais, eles estabeleceram um nível de excelência que poucos são capazes de
superar. Com o tempo, os shows da banda se transformaram de tensos, altamente
energéticos, sem se preocupar com as consequências para surpreendentes maratonas
em que tudo pode acontecer, e, geralmente acontece. Um ingresso para ver o
Pearl Jam é quase uma garantia de que você vai presenciar algo verdadeiramente
extraordinário.
Desde o começo, era aparente
de que a banda tinha uma visível química natural e uma ligação no palco. Cada
um dos membros da banda adotou uma persona que eles utilizam até hoje. Na
frente você tem o Eddie Vedder, o vocalista, selvagem, Dionisio bebedor de
vinho criando os setlists e operando como mestre de cerimonias e ponto central.
Perto dele está Mike McCready, o “guitar hero” incendiário, rasgando “licks” e
solos ardentes. Também temos o alicerce estável de Stone Gossard, Jeff Ament, e
uma variedade de bateristas mantendo as coisas em movimento por de trás.
Sendo um dos defensores mais
antigos do lançamento oficial de bootlegs, o mercado está literalmente inundado
de gravações de shows ao vivo de toda a carreira do Pearl Jam. Tendo tocado
milhares de vezes juntos, é um pouco difícil para o consumidor regular, ou até
mesmo um super fã do PJ, entender por onde começar a destrinchar todo esse
material, dessa forma foi compilada a lista a seguir com os dez melhores shows
do Pearl Jam em todos os tempos.
10.
Orpheum Theater – 12 de abril de 1994
O Pearl Jam sempre foi uma
banda que se orgulhou de ser do povo. Sim, eles são estrelas do rock, mas isso
não significa que eles se acham melhores que os outros. Nesse espirito, do
segundo até o último show da turnê do disco “Vs.” em 1994 no Orpheum Theater em
Boston, a banda deixou sua equipe de turnê escolher o setlist. Com um show
lotado naquela noite, obviamente os roadies escolheram com sabedoria lados B
como “Alone” e “Dirty Frank”, assim como músicas que sairiam em “Vitalogy” como
“Immortality” e “Not for You”, além de covers de Neil Young (“Fuckin’ Up”) e
Dead Boys (“Sonic Reducer”), com a presença de Mark Arm do Mudhoney’s.
09.
Key Arena– 6 de novembro de 2000
Para o último show da
cansativa turnê mundial de 2000, o Pearl Jam decidiu ir para casa e encerrar as
coisas com dois concertos na Key Arena de Seattle. Foi o único show em que a
banda tocou “Alive” naquela turnê e um dos 18 bootlegs em que eles colocaram o
selo especial “Ape/Man”, designado para shows memoráveis. A inclusão de “Little
Wing”, música de outro filho famoso de Seattle Jimi Hendrix, foi extremamente
tocante. Palmas para McCready pelo primoroso solo.
08.
Madison Square Garden – 11 de setembro de 1998
Cidade de Nova Iorque: se
você consegue lá, você consegue em qualquer lugar. Pearl Jam tocou duas noites
consecutivas durante a turnê do disco “Yield” em 1998, mas foi a segunda
apresentação no dia 11 de setembro a mais memorável. Toda a turnê foi
espetacular, porém por alguma razão os fãs na frente do palco tinham como
missão durante o show da banda na “Big Apple” que eles tocassem a música
“Breath”, da trilha sonora do filme “Singles”, algo que eles não faziam em
quatro anos. Todos eles seguraram cartazes com a palavra “Breath” pintada, até
o momento em que finalmente Vedder reconheceu a presença deles. “Essa é a
terceira noite seguida, certo? ” ele perguntou para o povo da frente. “Isso é
algum tipo de religião organizada ou algo do tipo? Vocês sabem, nos subimos no
palco como uma banda unida, e nos damos, e damos e damos, e vocês querem mais?
Vocês acham que merecem? Bem, eu acho que sim. Dane-se, nós vamos tocar”. Não é
preciso dizer que a plateia foi à loucura.
07.
Tweeter Center – 11 de julho de 2003
Esse show é extraordinário
mais pelo fato de que a banda decidiu tocar um set no formato acústico antes da
banda de abertura Sleater-Kinney. O set principal foi espetacular, porém os fãs
de Massachusetts receberam um grande presente quando o grupo deu um saboroso
especial pré-pré-show “amuse-bouche” comprimido de raridades como “All Those
Yesterdays”, “All Or None”, e “Footsteps” com covers de respeito dos Ramones “I
Believe in Miracles”, “Know Your Rights” do Clash, e “Fortunate Son” do
Creedence Clearwater Revival no final da tarde.
06.
Alpine Valley Music Theater – 4 de setembro de 2011
O Pearl Jam em 2011 decidiu
dar uma pausa, olhar ao redor, e considerar onde eles estavam e como eles tinham
chegado lá. Eles alinharam com o diretor/escritor de rock Cameron Crowe para
produzir o documentário da banda PJ20 e organizaram um festival de dois dias em
Wisconsin para celebrar duas décadas juntos como grupo. A frase “toda uma
carreira” é usada de forma incorreta muitas vezes quando falamos de shows
organizados por bandas que estiveram na cena por mais que alguns discos, mas não
há melhor forma de descrever a lista de músicas que o grupo tocou naquela
noite. O grande momento veio no segundo bis quando Chris Cornell subiu ao palco
para fazer uma reunião de quatro canções da banda Temple of the Dog. “Hunger
Strike” continua gerando calafrios.
05.
Wrigley Field – 19 de julho de 2013
Algumas vezes as coisas
trabalham a nosso favor, algumas vezes não. Como banda, só lhe resta tirar o
melhor de uma situação ruim e torcer para que o público continue com você. Felizmente,
para o Pearl Jam, eles têm alguns dos fãs mais fiéis no mundo da música, no
qual ajudaram a transformar um show debaixo d’água em Wrigley Field de um
terrível cancelamento para uma experiência transcendental para todos
envolvidos. Com sete músicas tocadas, o Pearl Jam foi forçado a encerrar por
conta de uma tempestade. Nas duas horas e 45 minutos seguintes os fãs não
arredaram pé, mesmo com a volumosa chuva, e quando a banda voltou para o palco
as 11:45 da noite, eles foram recompensados pela fidelidade com um show
memorável: 33 canções no total e uma versão energética de Neil Young “Rockin’
in the Free World”. O concerto terminou lá pelas duas horas da madrugada com
todo mundo totalmente molhado, porém felizes.
04.
The Off Ramp – 22 de outubro de 1990
Esta lista não estaria
completa sem a inclusão do show que começou tudo. O Off Ramp não existe mais em
Seattle como praça de show, mas seu nome será eternamente conhecido na história
do rock como o local que lançou uma das maiores e mais bem-sucedidas bandas de
todos os tempos. O Pearl Jam nem foi listado como Pearl Jam naquela noite. Eles
ainda eram conhecidos como Mookie Blaylock, nome que eles tiraram de um jogador
de basquete do time New Jersey Nets. A banda impressionou os presentes com
músicas que seriam gravadas para o disco de estreia do grupo “Ten”. Analisando
a performance, talvez não seja o melhor show deles, mas se você tivesse uma
máquina do tempo e pudesse voltar para qualquer ponto na história da banda, é
difícil não escolher esse.
03.
The Gorge – 1 de setembro de 2005
Com todo o respeito ao Red
Rocks no Colorado, mas o Gorge Amphitheater situado no meio do nada no vale do
rio Columbia no estado de Washington é o local mais bonito para realizar um
show em qualquer lugar da Terra. É o tipo de lugar que traz o melhor nos
artistas que estão tocando lá, ou pelo menos esse foi o caso com o Pearl Jam,
de qualquer forma. A banda tocou por lá a primeira vez em 2005 e o show foi tão
lindo como a vista atrás deles. Eles começaram com uma cover do Ramones “I
Believe in Miracles” e fecharam o setlist de 36 músicas com outra cover: “Baba
O’Reilly” do The Who. Você sabe o quanto um show foi especial quando a banda volta
para o palco para três bis diferentes.
02.
The Moore Theater – 17 de janeiro de 1992
Shows em casa são diferentes.
De maneira geral, o público se sente mais investido e disposto a se entregar
para a banda no palco. O grupo tem o costume de chamar um número de amigos
íntimos e familiares e sentem a real necessidade de irem bem. Sempre que eles
tocam em Seattle, Pearl Jam sempre dá o máximo para uma plateia mega entusiasmada.
Esse show no Moore Theater é um exemplo primoroso disso. Ele ocorreu apenas
cinco meses depois do lançamento do disco de estreia, “Ten". O grupo tocou
todas as músicas do álbum com uma energia e intensidade superior ao material
gravado. Pontos extras para esse show por providenciar o material ao vivo que
aparece no clipe de “Even Flow”.
01.
Soldier Field – 11 de julho de 1995
O melhor show do Pearl Jam em
todos os tempos ocorreu na casa dos Chicago Bears em 11 de julho de 1995. “Eu
quero agradecer o Grateful Dead por nos deixar usar o palco deles”, Vedder
disse para a plateia, se referindo ao show de despedida do grupo na semana
anterior. “Achamos que é correto tocar o mesmo tempo que eles”. E eles tocaram.
Por quase três horas, a banda foi fundo em seu próprio catálogo, além de covers
interessantes, diversificadas e inesperadas em um esforço para criar um show
eterno. Quase todas as músicas que a banda já tinha gravado até aquele momento
foram executadas, como também versões transcendentais de Sly Stone “Everyday
People” e Pete Townshend “Let My Love Open the Door”.
A plateia estava adorando,
com 13 mil pessoas pulando na frente do palco e mais milhares balançando a cabeça
na arquibancada. Vedder em particular parecia se alimentar daquela energia e no
final da música “Blood” ele esmagou sua Telecaster em vários pedaços de pura
emoção. Relâmpagos iluminavam o céu por de trás deles enquanto eles tocavam e
tocavam, providenciando um cenário pungente durante a música “Immortality”. Após
recentes lutas contra doenças e grandes batalhas contra a Ticketmaster durante
boa parte daquele ano, esse show em particular no Soldier Field foi quando tudo
convergiu para a banda e elevou eles de super astros do grunge para imortais do
rock.
*Tradução da matéria escrita por Corbin Reiff e publicada no Consequence of Sound em 23/08/2016.
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