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O último momento da última grande banda de rock



A história interna de como os Strokes – e o início do rock de Nova Iorque – explodiu, contada por quem viveu.

         Em 1998, cinco amigos nova-iorquinos - Julian Casablancas, Albert Hammond Jr., Fabrizio Moretti, Nick Valensi, e Nikolai Fraiture – formaram uma banda chamada Strokes. Eles lançaram seu álbum de estreia em 2001, “Is This It”. Em 2009 a NME nomeou disco da década; Rolling Stone ranqueou como número dois, atrás de “Kid A” do Radiohead. Essa é a história do que aconteceu entre esses anos, começando por 2002.



Ryan Adams (músico): Certa noite eu estava curtindo com o pessoal dos Strokes e o Ryan (Gentles, empresário da banda). Estávamos bastante chapados pois sempre estávamos fumando maconha. Era bem tarde da noite. Fab sempre tocava uma música para mim que ele tinha composto, algo muito bonito, uma música romântica. Então uma noite, brincando, eu estou quase certo, Fabby disse, “Cara, e se o John Mayer estivesse agora tocando aquela guitarra? ” E eu falei, “Eu posso fazer isso acontecer. ” Eu morava próximo do John Mayer, e ele ficava me falando sobre essa música nova dele. Então eu mandei uma mensagem para ele, pois ele sempre ficava acordado até tarde naquela época. Eu disse, “Venha para esse apartamento. Traga o seu violão. Eu quero muito escutar a sua nova canção. ” Eu não contei para ninguém o que eu tinha feito. Então todo mundo estava sentando e eu estava, “Vamos todos fumar no bong. ” Eu realmente queria que as coisas ficassem insanas. Nós fumamos no bong; eu provavelmente cheirei um pouco de pó. A campainha da casa tocou, eu abri a porta e o John Mayer entrou com a porra do seu violão e todos ficaram de queixo caído. John sentou e tocou seu violão – três ou quatro músicas que provavelmente iriam fazer sucesso – enquanto os caras ficaram todos sentados olhando para mim como, Meu Deus, você é um bruxo.

Gideon Yago (jornalista): Ryan Adams, ele era um daqueles caras que eu me lembro de ser como, eu simplesmente não sei. Eu não falava com ele muito. Assim, para mim esse foi o começo do fim.

Fabrizio Moretti (baterista dos Strokes): ele aparecia no nosso apartamento bastante.

Albert Hammond Jr. (guitarrista dos Strokes): quando ele te mostra uma música, ele não para por horas. E você fica, “Ah, isso me lembra de uma canção que eu escrevi. ” E você toca um acorde G e ele fica, “eu sei do que você está falando, ” e ele pega o violão de volta. Não tem jeito de tocar com ele. É sempre o show do Ryan.

Ryan Gentles (empresário dos Strokes): eu apresentei Jim Barber e Ryan Adams. Courtney (Love) estava namorando o Jim naquela época.

James Barber (ex-executivo de Artistas e Repertório): Courtney achou que os Strokes eram uma influência cultural positiva. Ela estava fazendo esse especial para a MTV. Ela queria eles nele.

Marc Spitz (jornalista): Ela era tipo um Yoda para eles. Yoda de cocaína. Não estou dizendo que ela arranjava cocaína para eles. Assim, quase todo mundo estava usando pó, mas pareceu que quando eles atingiram sucesso, ela estava totalmente em cima deles. E ela não estava na melhor forma naquela época. Talvez não o Jedi que você gostaria dando conselhos de como ser uma estrela do rock.

Ryan Gentles: Eu era amigo da Courtney; ela me ligava em horários aleatórios para me dar conselhos. Então ela fez essa transmissão noturna na MTV.

Marc Spitz: Se chamava “24 horas de Amor (Love) ”, e a premissa era de que ela ia tomar conta dos estúdios por 24 horas, aquele na Times Square.




Albert Hammond Jr.: Quando você é um fodido e a ideia é engraçada, você apenas faz. Você fica, Oh, sim. Nós vamos lá e vamos curtir com a Courtney Love. No momento que você está dentro do taxi no transito, você fica, calma, o que nós vamos fazer?

Ryan Gentles: ela estava toda ferrada e bêbada; era quase embaraçoso. Ela corria para cima e para baixo pelos corredores pelada.

Albert Hammond Jr.: Oh, ela estava fora de si.

Ryan Gentles: eu realmente adorava ela de alguma forma. Ela era tão inteligente. Mas eu não conheço ela. Eu acho que ninguém realmente conhece ela.

Jenny Eliscu (jornalista): Gentles foi brevemente empresário do Ryan Adams naquela época, no qual pareceu não ter dado muito certo.  

Ryan Gentles: Ryan e eu éramos amigos. E ele foi para Nova Orleans e fez “Love Is Hell. ”  Então eu tive que pular fora, pois os Strokes fizeram valer uma cláusula no contrato deles que dizia que eu não podia ser empresário de mais nenhum artista. 

Albert Hammond Jr.: Julian tinha uma visão clara e ele gostava de fazer as coisas de uma maneira específica. Eu acho que muito da culpa que o Ryan recebeu foram por coisas que a banda não queria fazer.

Ryan Gentles: você sabe quantas vezes eu implorei para os Strokes fazerem algo e eles apenas diziam não e era idiota e todo mundo achava que eles deviam fazer?

Amanda De Cadenet (fotógrafa): Eles foram a banda que recusaram um milhão de dólares por um comercial da Heineken. Isso é burrice.

Dave Gottlieb (ex-vice-presidente de marketing da RCA): Nós recebemos uma requisição da Heineken para...era para “Hard to Explain” ou “Last Nite”. Eu acho que era “Last Nite”. Eram 600 mil dólares.

Ryan Gentles: Quando eles estavam gravando “Room on Fire” eles disseram que eles sentiam que a minha atenção não estava totalmente neles. Eles disseram, “Você não pode ser mais empresário do Ryan Adams. ” Foi um saco. Ele é muito talentoso, e era ambicioso, e eu gostava bastante da sua música, e ainda gosto. Como ele reagiu? Muito mal.

Catherine Pierce (música): Julian achava que Ryan (Adams) era uma má influência para o Albert.

Albert Hammond Jr.: Ryan sempre aparecia e me acordava as duas da madrugada e usava drogas, então eu também usava e me entorpecia. Há muito tempo eu sabia que iria usar drogas. Eu estava esperando para usar heroína desde os meus 14 anos de idade.

Catherine Pierce: Albert costumava dizer, “Eu amo drogas. Eu não sou um viciado, apenas amo drogas! ”

Albert Hammond Jr.: Na época de “Room on Fire” eu estava tomando um monte de comprimidos e foi o começo dos opiáceos. Aquela parada de Oxicodona.



Catherine Pierce: Albert e Julian se amavam de verdade e meio que um era dependente do outro. A aceitação de Julian era muito importante para o Albert, e eu acho que a opinião de Albert era muito importante para o Julian.

Albert Hammond Jr.: Quando eu e o Julian paramos de morar juntos, foi aí que tudo mudou.

Catherine Pierce: Foi uma época estranha, pois todos estavam simultaneamente doidos sobre “Oh, estamos todos famosos, isso é incrível, vamos todos curtir. ” Mas era também, “Calma, Ryan é uma má influência. ”

Albert Hammond Jr.: Eu me lembro do Julian ameaçando bater no Ryan (Adams) se ele saísse comigo, algo bem protetor. Ele tinha escutado que o Ryan estava me dando heroína, então ele ficou, “Se você vier no meu apartamento de novo com heroína, eu vou te quebrar. ” Eu não estava fazendo na forma de saquinho até Ryan aparecer. Definitivamente ele era uma má influência.

Ryan Adams: Isso é tão triste, pois eu e o Albert éramos amigos. Se de alguma forma, eu realmente senti que eu tinha uma atenção sobre ele de uma forma que eles nunca tiveram. Eu estava presente e realmente nós passamos um tempo juntos. Ele me mostrava suas composições. Era do tipo, “Ninguém escuta a minha música, mas você quer escutar? ” Eu ficava, “Claro que sim! ” Eu amava ele profundamente. Eu nunca teria dado para ele um saco de heroína. Eu me lembro de me preocupar com ele, até mesmo depois que eu continuei usando speedballs.

Julian Casablancas (vocalista dos Strokes): Eu disse especificamente para o Ryan deixar o Albert em paz? Eu não consigo lembrar dos detalhes, para ser honesto. Eu acho que heroína meio que cruzou uma linha. Ela pode tirar a alma de uma pessoa. Então é como se alguém quisesse dar para o seu amigo uma lobotomia – você vai intervir.

Ryan Adams: Eu não uso drogas socialmente, e não me lembro de ter usado drogas com o Albert uma única vez. Eu queria fumar meus cigarros e beber, algo como, vinho tinto ou vodca e escrever a noite toda.

James Endeacott (ex-executivo de Artistas e Repertório): Albert entrando nesse negócio de heroína foi ridículo.

Albert Hammond Jr.: Para mim, essa parada de drogas era uma libertação. Eu não sei como explicar. Sucesso me deprime.

Ryan Adams: Foi muito dramático como tudo foi por água abaixo. Eu fui convidado para encontrar uma única pessoa em um bar e todos da banda e Ryan estavam lá. Me deram mais ou menos uma lição, uma lição hipócrita, e dessa maneira me disseram que eu não ia fazer mais parte da cena. Foi muito estranho. Foi fácil me rotular como o problema. Eu suspeitaria que logo em seguida eles aprenderam que eu não era o problema.

Andy Greenwald (jornalista): Uma coisa sobre os anos 2000 é que tudo aconteceu muito rápido.  O tempo entre Nirvana e Candlebox foi de provavelmente dois ou três anos. O tempo entre Strokes e Longwave foi de 18 meses. E houve alguns retornos não tão importantes. Os Strokes não eram realmente muito populares. Todos precisavam que eles fossem grandes e desesperadamente queriam que eles fossem grandes, mas eles não eram.



Brian Long (ex-executivo de Artistas e Repertório): Bandas como os Strokes, eles mamaram nas tetas da gravadora, beberam até a última gota de leite que tinha lá. Eles foram a ponte de uma era para a outra. Eu me lembro quando o segundo disco deles foi lançado, nós gostávamos deles e estávamos defendendo eles, mas todos nós estávamos imaginando se eles poderiam desenvolver de uma maneira que faria uma carreira interessante. A analogia que a gente costumava fazer era, eles vão acabar fazendo um “London Calling”? Eles conseguem superar isso?  Ou eles vão apenas cortar diferentes cores da mesma faixa de tecido? E foi mais ou menos isso que aconteceu.

Dave Gottlieb: “Room of Fire” é tão bom quanto “Is This It”; o problema foi que a banda não divulgou ele. Você perguntava, “Qual a sua visão? Quais são os seus objetivos? ” Eles não tinham uma resposta.

Jim Merlis (publicitário dos Strokes): Quando as resenhas começaram a sair, todos disseram que soava como o primeiro disco.

Albert Hammond Jr.: Com “Room on Fire” (2003), as pessoas estavam enchendo o nosso saco pois eles achavam que a gente estava soando demasiadamente igual. No terceiro disco, estavam enchendo o nosso saco pois não soávamos igual a “Room of Fire”. Nos ferramos pelo mesmo motivo duas vezes!

Dave Gottlieb: Se os Strokes tivessem aparecido cinco anos antes, eles teriam vendido 2 ou 3 milhões de discos, não um milhão, por conta da internet.

Moby (músico): Os Strokes foram a primeira banda daquela era que foi além de serem os queridinhos do pessoal de relações públicas, e de uma hora para a outra as pessoas estavam comprando os discos. É interessante, no caso deles, pois eles nunca venderam muitos discos, mas eles fizeram discos muito bons. O alcance, a consciência deles era tão grande do que as vendas dos discos.

Dean Wareham (vocalista do Luna): É difícil fazer algo perfeito. Eles fizeram um álbum perfeito, e isso é difícil de fazer mais de uma vez.

Jenny Eliscu: É importante ter uma visão distanciada e olhar o que acontece quando uma genuína grande banda explode – é sempre decepcionante no nível comercial. Os Stooges nunca foram um sucesso comercial. E sim, a cultura da internet de hoje acelera o passo no qual você está procurando o próximo exemplo da coisa, e nós ficamos entediados com a coisa, por que todos nós ficamos sabendo tão rápido que evaporou na mesma velocidade. Hipsters superam as coisas muito rápido. Mas é importante dizer que existe uma diferença entre o underground e hipsters. O underground é real e permanente. É mais arte do que comercial. The Killers... e Kings of Leon nunca foram parte do underground. De jeito nenhum.

Nick Valensi (guitarrista dos Strokes): Nós tivemos conversas que foram além de “Caramba, eu acho que nossas músicas são melhores que ‘Mr. Brightside’ do The Killers, mas como essa é a música que todos estão escutando? Eles fizeram de uma maneira diferente. Eles gravaram de uma forma diferente. Eles promoverem de uma forma diferente. Nós poderíamos ser grandes assim. ”

Jim Merlis: Existia coisas ruins acontecendo com a banda – muitas brigas, discussões, e os shows eram ruins. Eles estavam muito, mas muito bêbados, tudo começou a ficar um porre, eles não queriam sair em turnê. Eles não queriam fazer nada. Não era mais legal ficar perto deles.




Marc Spitz: Eles pareciam muito mais velhos. Bem mais velhos. E tudo isso ocorreu em, tipo, dois anos. E eles pareciam derrotados de uma certa maneira. E impacientes, como se eles quisessem que tudo acabasse, sabe? Eles não estavam iludidos que talvez tudo tinha acabado, o momento tinha acabado.

Albert Hammond Jr.: Provavelmente essa foi a primeira vez que eu percebi que a diversão tinha acabado, na gravação de “First Impressions” (2006). Foi nesse momento que as coisas começaram a entrar num vazio: amigos, namoradas, estranhos começaram a aparecer, dizendo assim, “Vocês deveriam ser uma banda maior, ” e eu estava, “Pois é, nós deveríamos ser uma banda maior...” Por mais fortes e próximos que nós éramos, nós não éramos fortes e próximos o suficiente para lutar contra isso.

Fabrizio Moretti: Esse era o castelo de cartas que era estar nos Strokes. Existiam muitas emoções em guardadas, mas que eram muito evidentes. Nós não sabíamos como processas elas, (a) pois éramos crianças e, (b) pois é difícil de processar emoções subliminares subconscientes vulcânicas. Éramos crianças que queriam conquistar o mundo, mas nós não sabíamos que essa chance seria dada para nós.

Marc Spitz: Mesmo quando a revista Spin fez os Strokes banda do ano (em 2002) após a turnê do disco “Is This It”, já estava começando a acontecer. Eu digo, eles tocavam no palco como se acreditassem. Eles entravam para matar, todas as noites. Eu ainda não vi uma banda melhor. Eu não vi o The Clash, mas era como o que você imagina que eles eram. Eles apareciam e “batiam na boca” da plateia todas as noites. Mas eu me lembro do Nick falando, mesmo naquela época, “Cara, tudo isso é uma bobagem. Assim, não somos nem a banda do ano. Não deveríamos estar aqui. A banda do ano é o White Stripes. ” Eles não queriam esse título, sabe?

Julian Casablancas: Meu grande arrependimento é que eu bebi muito. Eu afastei qualquer tipo de introspecção intensa.

Marc Spitz: Julian era um perfeccionista. E você viu que Jack White era também, mas algo sobre todo o cenário se encaixava melhor com o Jack. Ele agia mais como uma estrela do rock. Ele bateu seu próprio carro, namorou com a Renée Zellweger, bateu no cara do Von Bondies. Ele parecia mais adequado para esse papel. Sua visão parecia bem forte. E Jack não tinha o fardo da cidade de Nova Iorque.

Jack White (vocalista e guitarrista dos White Stripes): Às vezes, ser empurrado para fora te força a se autodescobrir e acabar com anos de embaraço. Isso aconteceu com os Strokes; eles tinham que conseguir rápido e juntos. Meg (White) e eu tivemos três discos lançados e uma visão muito realística que ninguém ia se importar com a nossa música. Nós assumimos que no futuro teríamos uma vida tocando em bares para 30 pessoas. O tempo extra para juntar nossas coisas foi bom para nós mentalmente. Me impressiona que o “mainstream” aceitou esse tipo de música; não faz sentido.

Austin Scaggs (jornalista): Eu vi a bolha dos Strokes estourar quando eu fui para a América do Sul e Brasil para vários shows com o Kings of Leon, Arcade Fire e Strokes. Eu estava, “Ryan, eu pego a câmera de vídeo, eu vou documentar essa viagem, eu vou filmar tudo e você pode ter tudo o que quiser. Eu vou pagar as minhas próprias passagens. ” Honestamente, eu pensei que ia ser como o Led Zeppelin, eu iria entrar em um quarto e teria uma cama de mulheres. Eu achei que ia ser uma grande orgia debochada de drogas e bebidas. Foi totalmente ao contrário. Para ser bem honesto, os Strokes estavam desmoronando diante dos meus olhos, diante da câmera. Existia muito ressentimento e muita tensão. Quando eu cheguei em casa eu estava, “Caramba, não era isso que eu esperava. ” Durante todo o tempo eu não vi nenhuma mulher pelada.




Albert Hammond Jr.: Eu estava muito triste durante a gravação do nosso terceiro disco.

Ryan Gentles: Eles nunca acabaram com a banda. Eles nunca discutiram sobre não fazer um novo disco. Era apenas Albert querendo lançar algumas músicas, e Julian querendo lançar algumas músicas, e Nikolai querendo também, e Fab lançou alguma coisa .... Não foi planejado para durar todo aquele tempo, era só “Eu preciso de mais alguns meses. ” “Agora eu quero lançar um disco. ” Foi tudo mal cronometrado e eles não concordavam em quando se reuniriam novamente.

Albert Hammond Jr.: Eu acabei numa espiral para baixo. Nós encontramos no início de 2009 para começar a escrever “Angles” e em junho, julho e agosto eu atingi o meu ponto mais baixo. Todo mundo veio para minha casa no norte do estado e eu estava fodido. Todos sabiam, “Oh, o Albert está definitivamente chapado, ” e dois dias depois eles vieram e falaram, “Você tem que ir. ” Não todos; Julian não veio. Mas minha mãe estava lá, e a opção era basicamente que se eu fosse para a reabilitação durante três meses eles me perdoariam, então eu fui.

Catherine Pierce: Somos bons amigos agora, mas levou alguns anos. Houve um momento em que nós odiávamos.

Albert Hammond Jr.: Eu sinto muito que eu matei os sonhos de todos. Eu não sei se eles ainda estão bravos comigo.

Laura Young (blogueira): Para mim, o primeiro disco dos Strokes é um dos melhores álbuns de todos os tempos. Mas ele representa um momento no tempo que é difícil de superar a não ser que você se reinvente. A não ser que você seja os Beatles e faça Sgt. Peppers, você não vai superar esse molde de “Oh, essa é a banda que apareceu no começo dos anos 2000 e definiram um momento. ” Nada que eles façam será mais legal que aquele primeiro disco.

Albert Hammond Jr.: Houve esse período incrível, antes de gravarmos nosso primeiro álbum, em que nós tocávamos para 80 pessoas ou alguma coisa assim, mas ninguém realmente conhecia a gente. Podíamos andar pela cidade e pensar, eu estou nessa banda, podemos trazer gente para os shows, e esse foi de longe o melhor tempo. Tudo era tão inocente. De alguma forma você perde essa inocência através do tempo e através de fazer muita coisa, e então você gasta muito tempo perseguindo aquela mesma inocência.

James Murphy (vocalista do LCD Soundsystem): “Is This It” é o meu disco preferido da década. Quando as pessoas desmerecem ele, eu fico, “Você está dizendo isso agora, mas eu te garanto que em dez anos você vai fazer um churrasco, tocar essa merda e dizer, “Eu amo esse disco. ”

Suroosh Alvi (co-fundadora da Vice Media): Por toda a conversa sobre os Strokes, como eles ferraram tudo, que seus álbuns agora não são bons, não há ninguém mais legal que eles. Eles ainda são a última impressão daquela marca de rock em particular. Eles são as últimas real estrelas do rock. E ao vivo eles continuam espetaculares. Eles não fazem nada, só ficam ali e arrasam. Eu vi eles no festival de Coachella depois do show no Madison Square Garden e Julian estava, “Eu apenas voei para cá, eu não sei que merda está acontecendo, eu só entrei no meu jato banhado a ouro. ” Uma estrela do rock entediante. Então ele sobe no palco e não faz nada mais do que arrasar.




Extraído do livro “Meet Me in the Bathroom: Rebirth and Rock and Roll in New York City, 2001–2011”, de Lizzy Goodman (Dey Street Books/HarperCollins). Copyright © 2017 por Elizabeth Goodman.

*Esse artigo aparece na edição de 15 de maio de 2017 da New York Magazine.
**tradução da matéria publicada no portal “Vulture”.

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