Pular para o conteúdo principal

Para ler, ver e ouvir no final de semana #2 – Drauzio Varella, black midi e Pavement


Para ler: Correr: O exercício, a cidade e o desafio da maratona (Drauzio Varella)



Qual louco no universo inteiro iria começar a correr maratonas com 50 anos de idade? Bem, esse louco atende pelo nome de Drauzio Varella. Lançado em 2015, o midiático médico conta nesta obra como foi o processo de começar a correr maratonas com cinco décadas de vida nas costas. Drauzio tenta de forma muito bacana neste livro transmitir todas as dificuldades e alegrias em virar um maratonista. Os perengues são vários. Logo no início do livro ele fala de uma maratona que ele correu em Blumenau que faria qualquer pessoa desistir da ideia de correr 42 quilómetros, principalmente se você já passou dos 50.

Porém, contudo, entretanto, todavia, as alegrias que ele conta são várias em mais de 200 páginas. As pessoas que ele ao longo do tempo teve o prazer em conhecer são várias e renderam ótimas histórias. Existe uma em particular, a de um rapaz que ele encontrou em frente à boate Love Story em São Paulo, que é simplesmente demais. Outra alegria que ele conta no livro é a de correr com a filha uma maratona. O médico sabe usar as palavras e emociona o leitor. Mas talvez a maior alegria que ele conta em “Correr” seja a superação pessoal. Livro delicioso de ler e que provavelmente já influenciou, e vai continuar influenciando, pessoas sedentárias a saírem do sofá.



Para ver: black midi (Youtube)



Aqui está um grupo inglês que vale muito a pena conferir o som e ver a performance deles. Os caras se chamam black midi e o som é algo extremamente fresco. É um rock de vanguarda de primeira linha, influenciado por um bando de coisas, do rapper Danny Brown ao jazz fusion da Mahavishnu Orchestra. Seus shows no circuito de pubs ingleses estão chamando a atenção. Tanto que a influente Pitchfork fez uma matéria com os caras recentemente (leia aqui). Ao mesmo tempo que é primal, os caras são ótimos músicos. O primeiro disco deles deve sair no dia 21 deste mês pela Rough Trade. Abaixo você pode conferir uma apresentação dos caras para a ótima rádio de Seattle KEXP. É bom ficar de olho neles.


Para ouvir: Crooked Rain, Crooked Rain – Pavement (1994)



Para quem não ficou sabendo, o Pavement, influente banda dos anos noventa, anunciou dois shows de reunião no ano que vem. Um na Espanha e outro em Portugal, ambos no Festival Primavera Sound. A banda encerrou as atividades em 1999, porém em 2010 se reuniu para uma turnê de reunião. Com essa ótima notícia, acho que vale a pena você, caro leitor, escutar o segundo disco da banda, o clássico Crooked Rain, Crooked Rain. Com o título sendo uma parodia do icônico Purple Rain do Prince, temos aqui nessa obra de arte um álbum muito palatável, porém sujo e alternativo. Com letras francas e bem-humoradas, Stephen Malkmus é um dos caras mais subestimados no rock em geral. Suas composições e o jeito de tocar guitarra são duas coisas totalmente únicas e você vê bem isso nesse álbum. Muito se fala, principalmente no Brasil, de outros artistas que surgiram nesse novo século, porém nenhum deles chega aos pés de Stephen. Nesse trabalho, temos a adição de uma nova base rítmica, com Mark Ibold no baixo e Steve West na bateria, o que deixou o grupo mais coeso. Completando 25 anos de seu lançamento, Crooked Rain, Crooked Rain continua sendo um dos melhores discos do indie rock e da década de noventa.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Muito Sexo, muitas drogas e muito, mas muito Rock 'n' Roll na Netflix

Em maio de 2001 foi lançada uma das melhores e mais aguardadas autobiografias sobre uma banda de rock. Em mais de 400 páginas, “The Dirt: Confessions of the World's Most Notorious Rock Band” conta, através da visão de Tommy Lee, Mick Mars, Vince Neil e Nikki Sixx, a história de uma das bandas mais insanas dos anos oitenta, o Mötley Crüe. O sexo, as drogas, as brigas, as prisões, o sucesso, a decadência, tudo está nessa obra que é extremamente bem-acabada graficamente.     O papo para tornar todas essas páginas em filme começou em 2006, quando a Paramount e a MTV adquiriram os direitos para a adaptação nas telonas. Porém as coisas enfriaram e, com o fim da banda (será?!) em 2015, os rumores de que a história da banda poderia de uma vez por todas ser lançada voltou à tona. Com o sucesso no ano passado de “Bohemian Rhapsody”, o filme que conta a vida do Queen, a plataforma digital de streaming de filmes e séries Netflix lançou no dia 22 de março “The Dirt”, dirigido por

Como Henry Rollins entrou para o Black Flag

  O trecho abaixo foi retirado do livro “Get in the Van” escrito por Henry Rollins e lançado em 1994. Como o livro não tem uma tradução para o português, as linhas abaixo foram traduzidas de forma livre por mim. Espero que gostem.   Primavera (1981): Eu estava vivendo em um apartamento em Arlington, Virginia, bem perto de Washington, DC. Eu trabalhava numa sorveteria e caminhava até o meu trabalho todos os dias. Eu era o gerente da loja e trabalhava lá entre 40 e 60 horas por semana fazendo os depósitos, contratando, despedindo, fazendo inventário, servindo sorvete, etc. Eu estava numa banda naquela época. Nada muito musical. Quatro de nós com um equipamento de merda, mas a gente se divertia tocando e ensaiando. Um cara chamado Mitch Parker deu para mim e para o meu amigo Ian MacKaye uma cópia do EP do Black Flag Nervous Breakdown . Nós tocámos ele o tempo todo. Era pesado. A arte da capa dizia tudo. Um cara com as costas para a parede erguendo os punhos. De frente para ele ou

Dicas de quarentena #147: Lô Borges tocando disco do tênis na íntegra!

  Lô Borges foi um dos principais nomes que surgiram por conta do disco Clube da Esquina de 1972. Seu autointitulado álbum de estreia, mais conhecido como “disco de tênis”, é considerado por muitos críticos e fãs com um dos grandes álbuns da história da nossa música. Em 2018, Lô reuniu uma banda de primeira para recriar esse trabalho ao vivo. Abaixo você confere o show que rolou no icônico Circo Voador e que gerou o DVD “Tênis + Clube - Ao Vivo no Circo Voador":