Nos
anos oitenta, quando Roberto Medina teve uma deia de fazer um festival de
música de nível internacional no Brasil, todos achavam que ele era louco. Até
aquele momento, poucos nomes tinham se arriscado por aqui. Alice Cooper, Queen
e Genesis são alguns deles. O problema era a falta de estrutura que os países
da América do Sul tinham para receber grandes shows. Relatos de corrupção,
equipamentos que erram roubados, violência, tudo isso afastava bandas do
calibre dos Rolling Stones.
Isso
tudo mudou no dia 11 de janeiro de 1985, data da primeira edição do Rock in
Rio. Foram dez dias de música em 250 mil metros quadrados na Barra da Tijuca
para um público de 1,5 milhão de pessoas. Queen, Iron Maiden, Whitesnake, Rod
Stewart, Scorpions, AC/DC, Ozzy Osbourne, Yes, apenas a nata da música
internacional. O time da casa também não fez feio, com Ney Matogrosso,
Paralamas do Sucesso, Gilberto Gil, entre outras feras.
De lá
para cá o Rock in Rio ganhou mais seis edições no Brasil, com a sua sétima
marcada para esse ano, algumas outras fora do país e festivais de música
surgiram e desapareceram na mesma velocidade, mas a pergunta que fica é a
seguinte: o Rock in Rio continua relevante?
Como
apontado, a primeira edição foi a porta de entrada para os grandes artistas e
bandas internacionais. A segunda (1991) e a terceira (2001) edições
solidificaram o Brasil como uma praça viável de shows. Porém em 2011, quando o
festival teve a sua quarta edição, o mundo e o Brasil já eram outros. Com a
popularização dos smartphones e redes sociais, o Rock in Rio se tornou um
evento para estar e não apenas para curtir música.
As
novas gerações se interessam mais em registrar em fotos e vídeos os momentos
mais especiais e compartilhar no facebook, instagram, twitter, etc., do que
viver realmente aqueles momentos. E isso não é diferente nos grandes festivais
de música. Eles automaticamente preferem postar do que aproveitar. Antigamente
a única “preocupação” era apenas ver os shows.
A
relação dos fãs com seus ídolos também mudou. Antigamente era mais raro um
grande artista aparecer por aqui. Hoje não. O Beatle Paul Mccartney é um grande
exemplo disso. Sua primeira vinda ao Brasil foi em abril de 1990. Em março ele
desembarca por aqui para shows solo pela sétima vez desde 2010. Dessa forma, o
Rock in Rio geralmente acaba escolhendo sempre os mesmos nomes, pois eles geram
público e renda. Para ser ter uma ideia, a banda californiana Red Hot Chili
Peppers será um dos headliners deste ano. É a quarta participação do grupo no
festival e a segunda seguida. Nas primeiras edições, por conta do ineditismo,
vários grupos de peso estrearam em terras tupiniquins no Rock In Rio. Prince, Guns
N’ Roses, Neil Young, são alguns dos grandes nomes que perderam a “virgindade”
na América do Sul por aqui.
Portanto,
respondendo à pergunta do título e do terceiro parágrafo, não, infelizmente o
Rock in Rio deixou de ser relevante há muito tempo.
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