Gang
War foi uma boa banda durante 10 minutos. Quando eu escutei que Wayne e Johnny
estavam se reunindo, eu pensei, “Isso vai ser bom, até a heroína tomar o
controle. ”
Citação de Mick Farren no
livro “Please Kill Me” de Legs McNeil e Gillian McCain
Em 1979, o guitarrista do MC5
Wayne Kramer foi solto da prisão federal de Lexington, na qual ele serviu por
volta da metade da sentença de quatro anos por vender pó para dois agentes
disfarçados da DEA. Johnny Thunders estava constantemente se preparando para se
mexer novamente após o fim da sua banda pós New York Dolls, The Heartbreakers.
Um traficante apresentou Kramer para Thunders e os dois músicos, que definiram
o som da guitarra nos anos setenta, formaram uma banda.
Gang War foi o nome
escolhido. A banda poderia ter sido ótima. Ela quase combinou os riffs de
Thunders “todo acorde soa como se algo estivesse quebrando”, que pode ser
escutado em “Personality Crisis”, com os incríveis solos de Kramer de “Kick Out
the Jams. ” Então, tudo foi pelos ares quando o grande talento de Tunders era
em achar uma veia que ainda não tivesse colapsado para injetar droga nela.
As coisas começaram bem, com
a banda trabalhando em algumas demos em Ann Arbor, Michigan. O empresário deles
agendou o estúdio mais barato que ele conseguiu achar, um buraco que era usado
para gravar jingles para rádios. No começo, o dono do lugar não conseguiu
acreditar no visual de mendigo que Thunders usava quando fazia parte do New
York Dolls, e não deixava a banda entrar pela porta. Após seu filho confirmar a
identidade de Thunders, o grupo foi liberado para entrar.
Nas palavras do baterista Philippe
Marcadé, tudo ocorreu bem por três dias quando Gang War trabalhou nas primeiras
faixas. Depois disso, Gang War viajou para Nova Iorque na intenção de planejar
uma turnê. Não deu muito certo.
A banda tocou alguns shows na
cidade, até o vício de Thunders tomar o controle. Manter um vício seriamente
depende de dinheiro e Thunders tentou ferrar com seus colegas de banda. Uma
gravadora holandesa ofereceu quarenta mil dólares para financiar o primeiro
disco do Gang War. Thunders tentou negociar com os executivos da gravadora,
enquanto estava totalmente fora de si, rezando para que ele conseguisse
convencer eles a gravar um disco solo de Johnny Thunders. Não funcionou. Os
outros membros do Gang War tomaram conhecimento, como você poderia esperar, e a
banda se dissolveu. Apenas rascunhos de demos e shows gravados mal gravados
restam da breve existência do grupo.
Esses bootlegs se provam
difíceis de escutar, especialmente uma autointitulada compilação de dois shows
lançada pela Jungle Records. Os shows da Gang War consistiam em covers, desde
que a banda se separou antes de conseguir lançar uma música de autoria própria.
Mesmo assim, uma energia estridente sangra através da interpretação de “Endless
Party. ” A versão do grupo para o clássico do reggae “The Harder They Come”
poderia derrubar uma montanha. Existe potencial na primeira metade dessa
gravação, uma interação frenética entre Thunders e Kramer.
Dói escutar esses vislumbres
do que poderia ter sido, pois a maioria das faixas não presta. Na segunda
performance gravada incluída na compilação, Thunders gasta mais tempo
antagonizando com a plateia do que tocando música:
“Vocês acham que sabem tratar
a mulher de vocês bem? Eu vou dizer como tratar a puta. A puta, a puta que
sempre se acha melhor pois tem um rabo bonito andando por aí, e seu cabelo
tingido de loiro, dizendo, ‘Querido, docinho para mim, minhas tetas, minhas
tetas tamanho GGG, então você tem que me escutar. ’ Que se fodam essas
vagabundas, querida, é assim que você trata uma puta. Se você não tratar a sua
puta desse jeito você é um idiota ou um idiota. ”
É assim que Johnny Thunders,
romântico a moda antiga, introduz a música “Ten Commandments of Love. ” Você consegue escutar a banda se
desintegrando em cada acorde tocado fora do ritmo, cada palavra arrastada que
pinga da boca de Thunders. Como sua própria existência, Gang War não consegue
manter esse desempenho por mais de um piscar de olhos.
Olhando para trás, Gang War
soa como o chocalho da morte das bandas que tocavam punk antes que o gênero
tivesse esse nome. O tempo que passaram
juntos exibiu os mesmos impulsos que alimentaram a colaboração perfeita demais
de Kramer e Thunders e acabaram separando-os. Eles estavam desesperados, eram talentosos
e não sabiam mais o que fazer, além de tocar guitarra.
A
matéria acima é uma tradução livre do artigo publicado no site rawckus.com em
13 de dezembro de 2015 por Daniel Mikelonis
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