Meia dúzia de coisas culturais que rolaram na semana para a sua (moderada) apreciação.
1.
Marcelo D2 é o músico brasileiro mais relevante dos últimos 30 anos?
Para
quem não acompanhou, no último final de semana rolou no Rio de Janeiro o
festival Doce Maravilha, que reuniu diversas atrações nacionais. No sábado, na
Marina da Glória, shows de Gilberto Gil com Baiana System animaram o público
que pagou caro pelo ingresso. Porém, o show mais aguardando do festival rolou
no domingo, Caetano Veloso celebrando 50 anos do disco “Transa”, com
participação do grande Jards Macalé.
Por
conta do mal tempo, o show que estava programado para às 20h30 só rolou na
madrugada de segunda. Dessa forma, quem subiu no palco nesse horário foi o
Marcelo D2. Debaixo de muita chuva e diversos problemas de som, o cara mandou o
clássico "À Procura da Batida Perfeita" de 2003. Mesmo com as
condições totalmente desfavoráveis, D2 fez um dos melhores shows do festival,
deixando algo muito claro para mim: Marcelo D2 é o músico brasileiro mais
relevante dos últimos 30 anos.
Explico.
D2
é integrante de uma das melhores bandas da história do rock brasileiro. A
discografia do Planet Hemp é irretocável e as músicas, boa parte gravada há quase
30 anos, ainda continuam sendo relevantes e originais.
Em
carreira solo, Marcelo mostrou que é um artista em constante transformação. Ele
trouxe o samba para o hip-hop e, recentemente, fez o caminho inverso, levando o
hip-hop para o samba com o lançamento do disco “Iboru”. Dessa trajetória solo,
é legal ressaltar o ótimo “Assim Tocam Meus Tambores”, lançado em 2020 e
gravado ao longo de 150 horas de lives pela Twitch durante a pandemia do novo
coronavírus.
Além
disso, D2 é uma das principais vozes pela liberação da maconha no Brasil. Nos
anos 1990, ele, ao lado dos seus companheiros de Planet Hemp, foram presos por
apologia às drogas. Mesmo assim, o cara continua na luta pela legalização da ganja.
E com toda essa bagagem e serviços prestados para a música brasileira, Marcelo subiu no palco do Doce Maravilhosa e, com todas as adversidades possíveis, entregou mais uma vez um grande show para o público.
2.
Morreu, aos 90 anos, a atriz Léa Garcia
Faleceu
na terça-feira (15) Léa Garcia, uma das primeiras atrizes negras da televisão
brasileira. Segundo o filho da atriz, Léa sofreu um infarto na cidade de
Gramado, onde seria homenageada com o Troféu Oscarito durante a 51ª edição do
Festival de Cinema de Gramado. Ela chegou a ser encaminha para o Hospital
Arcanjo São Miguel, porém chegou sem vida.
Entre
cinema, teatro e televisão, Léa contabilizava mais de 100 produções na
carreira, como "Selva de Pedra", "Escrava Isaura",
"Xica da Silva" e "O Clone". Além disso, conquistou quatro
Kikitos, a premiação máxima concedido pelo Festival de Gramado, um dos mais reconhecidos
prêmios do cinema brasileiro.
Em
suas redes sociais, a atriz Zezé Motta fez a seguinte postagem:
Que
ela possa descansar em paz.
3.
Tem som novo da Ana Frango Elétrico na praça!
Na
última quarta (16), a incrível Ana Frango Elétrico lançou o primeiro single do
seu terceiro disco! “Electric Fish”, cantada em inglês e que vem cheia de
groove, será parte do disco “Me chama de gato que eu sou sua”. O sucessor de “Little
electric chicken heart” (2019) chega na praça musical no dia 20 de outubro e
vai reunir 10 músicas. Os selos RISCO (Brasil), Mr. Bongo (Inglaterra) e Think!
Records by Disk Union Japan (Japão) serão os responsáveis pela distribuição do
novo trabalho da artista.
4.
Reunião do Talking Heads?
Calma,
calma, eu vou explicar. Após uma separação conturbada, David Byrne e companhia
estão prestes a se reunir pela primeira vez em duas décadas. Infelizmente não é
para um show, nem mesmo para uma turnê, mas por conta dos 40 anos do filme
“Stop Making Sense” (1984).
Os
quatro membros da banda se reuniram no Festival Internacional de Cinema de
Toronto para uma sessão de perguntas e respostas ao vivo, após a exibição do
filme, que foi restaurado em 4K. Esse encontro muito legal vai ser transmitido
ao vivo em cinemas IMAX selecionados em todo o mundo.
Além
disso, o disco de mesmo nome vai ganhar uma edição deluxe, com o setlist
completo do filme.
Para
quem não sabe, ou nunca assistiu, “Stop Making Sense” foi dirigido Jonathan
Demme (conhecido também por “O Silencio dos Inocentes”) e gravado durante três
noites no Hollywood's Pantages Theater em dezembro de 1983. Na ocasião, o grupo
estava promovendo o disco “Speaking in Tongues”.
A
esperança dos fãs é de que os quatro possam deixar suas diferenças de lado e
voltem aos palcos em breve. Vamos torcer!
5.
Oldboy de volta aos cinemas brasileiros!
Chega
aos cinemas brasileiros, no dia 21 de setembro, a versão remasterizada do filme
“Oldboy”. Segundo a distribuidora Pandora Filmes, essa versão foi restaurada e
remasterizada a partir do negativo original em 35mm. Além disso, a supervisão
desse processo ficou a cargo do próprio diretor, Park Chan-wook.
Para
quem nunca assistiu, o filme é protagonizado por Choi Min-sik, que vive um
homem misteriosamente encarcerado por 15 anos. Quando ele finalmente consegue
se libertar, o protagonista, Oh Dae-su, tem cinco dias para localizar o seu
raptador e se vingar dele. A trama foi adaptada de um mangá de Garon Tsuchiya e
Nobuaki Minegishi.
“Oldboy”
foi um fenômeno cultural e venceu diversos prêmios ao redor do mundo, incluindo
o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes.
6.
James Baldwin nos palcos de São Paulo
A
Biblioteca Mário de Andrade, localizada no Centro de São Paulo, vai receber nos
próximos dias a peça “James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?”. Com direção
de José Fernando Peixoto de Azevedo, o espetáculo tem como objetivo refletir o
contexto político e social brasileiro a partir da visão intelectual negra,
usando como base o pensamento crítico do autor James Baldwin.
Romancista,
ensaísta, dramaturgo, poeta e crítico social, Baldwin foi muito importante na
formação da intelectualidade negra dos Estados Unidos e suas ideias reverberam
até hoje. Dessa forma, os atores Izabel Lima e Fernando Vitor se dedicaram
bastante nos textos do autor para criar esse espetáculo. O projeto é uma das
ações artísticas do projeto “Panorama Baldwin: Tinta Preta Para Escrever Sobre Um
Mundo Esbranquiçado”.
As
apresentações vão rolar no final desse mês (22, 21, 23 e 28 de agosto) e no
começo do próximo (01, 02, 03 e 04 de setembro), sempre às 19 horas com entrada
gratuita (o ingresso precisa ser retirado com 1 hora de antecedência na
bilheteria).
Comentários
Postar um comentário